segunda-feira, 21 de julho de 2014

O cultivador de confiança

Série Perfil Jornalístico
O agricultor José de Lima (à esquerda) com o técnico Clébio Silva (à direita)
Apesar do sol a pino e o calor intenso, os sinais na paisagem davam pistas de um bom inverno: as árvores com folhas de um verde intenso e o chão, coberto de arbustos. Por vezes, os solavancos da estrada, as freadas bruscas, interrompem com os sustos, a contemplação. 
Seguimos pelos caminhos do interior do município de Casa Nova (BA), onde curvas, retas e bifurcações aos montes, provocam a sensação de estar perdido ou fora de localização, na Caatinga. Não é para qualquer um embrenhar-se por essas direções e encontrar sítios em locais tão diferentes quanto distantes uns dos outros, não é tarefa fácil.
Pois bem, quando o técnico agrícola Clébio Silva, que é funcionário da Prefeitura Municipal de Casa Nova, se enfurna por aí, seus amigos dizem brincando: nem com equipamentos eletrônicos como o GPS (sigla em inglês para Sistema de Posicionamento Global) é possível encontrá-lo.
E por conhecer tanto, ele já andou foi muito, pelo menos “uns” 100 mil quilômetros, desde 2009, quando passou a atuar junto ao Projeto Lago de Sobradinho, e empolgado pelo método de trabalho.
“Não só dizemos que uma tecnologia é boa, a gente diz e faz com que os agricultores tenham a experiência prática” fornecendo, por meio do Projeto, os produtos para ele implantar as tecnologias dentro da propriedade ou na comunidade. “Isto deixa o agricultor motivado para participar”, afirmou. 
Clébio Silva está contente com os benefícios do Projeto
Inovações - No caminho para o povoado de Canoinha, onde iria entrevistar o agricultor Anísio Ribeiro, ouço um Clébio impressionado com os benefícios das técnicas e do manejo pesquisados na Embrapa Semiárido sobre as atividades agrícolas nas áreas de sequeiro e irrigadas.
Fala da implantação de gliricídia na propriedade de seu Luiz Maranhão, no distrito de Bem Bom e que passou a dispor de uma fonte de proteína para alimentar seu rebanho de vaca leiteira e tornou desnecessário gastar seus recursos para comprar torta de algodão.  Enfatiza, também, os resultados que puderam ser vistos pelos próprios agricultores em plantios de cebola separados apenas por uma cerca e algumas inovações como a aplicação simultânea de água e fertilizantes por meio de um sistema de irrigação por gotejamento.
“Mostramos que reduzimos água, mão-de-obra, custo de produção e tivemos mais lucro. A ‘cebola do Projeto’ mostrou uma qualidade maior e chegou a ser comercializada a R$ 11 a saca de 20 kg, enquanto os agricultores vizinhos conseguiram, pela mesma quantidade e no mesmo período, apenas R$ 8”.