Série Perfil Jornalístico
O agricultor José de Lima (à esquerda) com o técnico Clébio Silva (à direita) |
Apesar
do sol a pino e o calor intenso, os sinais na paisagem davam pistas de um bom
inverno: as árvores com folhas de um verde intenso e o chão, coberto de
arbustos. Por vezes, os solavancos da estrada, as freadas bruscas, interrompem
com os sustos, a contemplação.
Seguimos
pelos caminhos do interior do município de Casa Nova (BA), onde curvas, retas e
bifurcações aos montes, provocam a sensação de estar perdido ou fora de
localização, na Caatinga. Não é para qualquer um embrenhar-se por essas
direções e encontrar sítios em locais tão diferentes quanto distantes uns dos
outros, não é tarefa fácil.
Pois
bem, quando o técnico agrícola Clébio Silva, que é funcionário da Prefeitura
Municipal de Casa Nova, se enfurna por aí, seus amigos dizem brincando: nem com
equipamentos eletrônicos como o GPS (sigla em inglês para Sistema de
Posicionamento Global) é possível encontrá-lo.
E
por conhecer tanto, ele já andou foi muito, pelo menos “uns” 100 mil
quilômetros, desde 2009, quando passou a atuar junto ao Projeto Lago de
Sobradinho, e empolgado pelo método de trabalho.
“Não só
dizemos que uma tecnologia é boa, a gente diz e faz com que os agricultores
tenham a experiência prática” fornecendo, por meio do Projeto, os produtos para
ele implantar as tecnologias dentro da propriedade ou na comunidade. “Isto
deixa o agricultor motivado para participar”, afirmou.
Clébio Silva está contente com os benefícios do Projeto |
Inovações
- No caminho para o povoado de Canoinha, onde iria entrevistar o
agricultor Anísio Ribeiro, ouço um Clébio impressionado com os benefícios das
técnicas e do manejo pesquisados na Embrapa Semiárido sobre as atividades
agrícolas nas áreas de sequeiro e irrigadas.
Fala
da implantação de gliricídia na propriedade de seu Luiz Maranhão, no distrito
de Bem Bom e que passou a dispor de uma fonte de proteína para alimentar seu
rebanho de vaca leiteira e tornou desnecessário gastar seus recursos para
comprar torta de algodão. Enfatiza,
também, os resultados que puderam ser vistos pelos próprios agricultores em
plantios de cebola separados apenas por uma cerca e algumas inovações como a
aplicação simultânea de água e fertilizantes por meio de um sistema de
irrigação por gotejamento.
“Mostramos
que reduzimos água, mão-de-obra, custo de produção e tivemos mais lucro. A
‘cebola do Projeto’ mostrou uma qualidade maior e chegou a ser comercializada a
R$ 11 a saca de 20 kg, enquanto os agricultores vizinhos conseguiram, pela
mesma quantidade e no mesmo período, apenas R$ 8”.