sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Projeto aponta contaminação da água do rio na área da Barragem de Sobradinho

Pontos  no mapa marcam locais estudados pelos pesquisadores

O que apenas era uma desconfiança ou especulação está a se confirmar: a água do rio São Francisco que banha os quatro municípios baianos (Sobradinho, Sento Sé, Remanso e Casa Nova) localizados à borda do lago formado pela Barragem de Sobradinho, apresenta indícios de contaminação por resíduos químicos e biológicos. Em vários pontos do Lago, metais pesados, coliformes fecais e substâncias químicas já se misturam à água em proporções acima da permitida pela legislação brasileira.
É uma situação muito preocupante, afirmam as pesquisadoras Alessandra Monteiro Salviano Mendes e Paula Tereza de Souza e Silva, da Embrapa Semiárido. E embora manifestem essa opinião com base em informações preliminares, os dados de amostras coletados em 27 locais diferentes e em períodos de maior e menor cota do Lago, dão uma boa noção da realidade atual e dos riscos que representa sua evolução se mantido o atual modelo de agricultura praticado na região. Outras campanhas de coleta estão sendo realizadas para confirmação desses dados.
De acordo com as pesquisadoras, as análises das amostras identificaram teores totais de metais pesados - ferro (Fe) e cádmio (Cd) – superiores aos que são permitidos por lei. E o aumento da concentração desses elementos na época de cheia do rio, pode estar relacionado, entre muitos outros fatores, “com o carreamento do solo pela erosão para dentro do Lago no período de chuva e com o avanço das áreas agrícolas para o Lago, na época de menor cota”, explicam.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Gotejamento e fertirrigação fazem agricultores ampliar áreas cultivadas com melão, melancia e cebola

Agricultor e pesquisadores, e os frutos da tecnologia no campo



Aumentar a área de cultivo. Eis aí uma decisão que parece combinada entre os agricultores que aceitaram avaliar, em suas propriedades, nos municípios da borda do lago formado pela Barragem de Sobradinho, algumas tecnologias de irrigação e de manejo de melão, melancia e cebola, pesquisadas na Embrapa Semiárido. Uma das razões para escolha tão semelhante está nos resultados das colheitas: quase o dobro de frutos que costumavam obter com as práticas convencionais de plantio.

A decisão tem sido tomada até por quem experimentou, pela primeira vez, o cultivo irrigado, sob a orientação dos pesquisadores da Embrapa. Comerciante e pecuarista no município de Pilão Arcado – BA, Gildécio Borges Lopes não esperou nem terminar a colheita de melancia, em 2,5 ha de sua propriedade, para anunciar a ampliação em mais 2,5 ha a área irrigada das suas terras para, quando janeiro chegar, plantar cebola.

Durante um evento de transferência de tecnologia, organizado na sua propriedade, por profissionais da Embrapa Semiárido, da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF) e da prefeitura, o comerciante brincava, entre as mais de 100 pessoas presentes, atribuindo para si o título de maior produtor de melancia de Pilão Arcado. Mais do que isso, ele era o primeiro agricultor, em cerca de 50 km de margem de rio, que se estende nos limites geográficos do município, a empregar tecnologia de irrigação num cultivo. 

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Produtores conhecem gliricídia como alternativa para alimentar rebanhos no Semiárido


Um dos pontos cruciais para a produção de animais no Semiárido é a preparação de uma reserva  estratégica de forragens, para ser fornecida ao rebanho no período em que há menor oferta de alimentos. A gliricídia é uma das boas alternativas, e está sendo apresentada pelos técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) aos produtores de gado do sertão da Bahia.
A iniciativa faz parte do projeto Lago de Sobradinho, realizado em parceria entre a Embrapa Semiárido e a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), juntamente com as prefeituras dos municípios de Casa Nova, Sento Sé, Pilão Arcado, Remanso e Sobradinho (BA).  O projeto visa melhorar a qualidade de vida da população que vive no entorno da Barragem de Sobradinho, e uma das estratégias é incrementar a produção de leite na região.
A gliricídia tem se mostrado uma opção promissora para a alimentação do rebanho leiteiro, com vantagens tanto para a dieta dos animais quanto para as condições da região. “Ela tem resistência à seca, produz uma boa quantidade de massa verde e um tem alto teor de proteína”, ressalta o técnico agrícola Alberto Amorim, da Embrapa Semiárido.
O cultivo da leguminosa também é fácil e rápido. De acordo com Amorim, o produtor deve fazer o plantio no início das chuvas. Se tiver como molhar as plantas, em 4 meses já dá pra fazer o primeiro corte. Em área de sequeiro é preciso esperar um pouco mais, para que ela desenvolva melhor suas raízes. E complementa: “Daí pra frente, pode cortar sempre que tiver material para ser armazenado. Quando mais corta mais ela dá”.
Para demonstrar a facilidade no cultivo e os bons resultados da produção, foram instalados Campos de Aprendizagem Tecnológica (CATs) nas propriedades de 10 produtores, dois em cada município. Nessas áreas, a leguminosa é plantada e cuidada pelo próprio produtor, com acompanhamento dos técnicos, e a experiência pode ser observada por outros interessados em dias de campo que são realizados pelo projeto.
Assim aconteceu na propriedade do senhor Luiz Ferreira dos Santos Filho, no Projeto de Irrigação Tatauí I, em Sobradinho (BA). A gliricídia foi plantada em uma área de cerca de meio hectare e em 4 meses já estava em ponto de corte. O material foi colhido e, com a participação de moradores das redondezas, preparado para ser armazenado em um silo.
“Para os produtores é muito importante o armazenamento de forragem, e nós vemos muito pouco isso nas propriedades. Se você quer criar, primeiro tem que plantar para ter fonte de proteína e de energia”, explica o técnico agrícola Geraldo Farias, da Embrapa Semiárido.
Aprendida a lição, o senhor Luiz já faz planos para o futuro: “Quando estiver com a área completa de gliricídia, pra poder ter ração suficiente, vou vender esse gado que não produz tanto e comprar umas 10 vacas de leite”, afirma.
Outro produtor que teve um CAT instalado na área foi João Batista de Oliveira Neto, do sítio Novo São Gonçalo, em Sobradinho (BA). No início do projeto ele recebeu um tambor de silagem de gliricídia, e com a experiência já foi possível observar os resultados. “Quando tava dando a silagem, entrou o período de seca e o gado segurou a base, não diminuiu nem aumentou. Quando acabou, ele perdeu peso e o leite também diminuiu”, conta.
De acordo com o Alberto Amorim, 8kg da silagem de gliricídia tem a mesma quantidade de proteína e o dobro de matéria seca de 1kg de farelo de soja, e fica por menos da metade do preço. A produção de alimentos no próprio local, utilizando a mão de obra familiar e reduzindo a dependência de insumos externos, é outra vantagem apontada pelo técnico. Para ele, “o fundamental é que você tem um alimento de boa qualidade e de baixo custo”.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Parceria entre Chesf, Embrapa Semiárido e Prefeitura de Casa Nova beneficia famílias da zona rural do município

O projeto Lago de Sobradinho, financiado pela Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) e desenvolvido pela Embrapa Semiárido com o apoio da Prefeitura Municipal de Casa Nova, vem atendendo e beneficiando centenas de famílias da zona rural do município. O objetivo do projeto é promover o desenvolvimento sustentável e melhorar a qualidade de vida dos produtores rurais do entorno da Barragem de Sobradinho.

Através dos Campos de Aprendizagem Tecnológica (CATs) são oferecidas orientações sobre o trabalho com culturas alimentares, fruteiras de sequeiro, espécies forrageiras, hortaliças, apicultura e meliponicultura. “Esse projeto é diferente de outros projetos que passaram em Casa Nova. Ele não chega só com as informações, chega com o produto, com a tecnologia”, explica Clebio da Silva Santos, técnico e articulador do projeto Lago de Sobradinho em Casa Nova.

Em cada Campos de Aprendizagem Tecnológica existe uma unidade modelo, na qual as famílias beneficiadas pelo programa participam do Dia de Campo.” No Dia de Campo nós mostramos à comunidade como as tecnologias estão sendo empregadas, para que isso sirva de modelo e traga benefício para ela”, ressaltou Clebio. 

Para ajudar no andamento do projeto, a Prefeitura de Casa Nova disponibilizou uma sala, para implantação da parte de escritório, e um técnico, para acompanhar todas as atividade. Além disso, o prefeito Wilson Cota, através da Secretaria Municipal de Agricultura, vem se empenhando para o desenvolvimento do projeto Lago de Sobradinho em Casa Nova. De acordo com Clebio Silva, o projeto tem previsão de encerramento para 2015 podendo ser estendido até 2020. “Tenho certeza que ficará uma semente plantada em Casa Nova”.


Emerson Rocha Ascom Prefeitura Municipal de Casa Nova Fotos: Arquivo do projeto

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Feno de planta nativa: garantia de boa forragem no período seco

Agricultores em dia-de-campo sobre feno de planta nativa
Uma tarefa que os criadores do semiárido precisam encarar com urgência é o armazenamento de forragem para garantir o alimento do rebanho no próximo período de seca, entre os meses de maio a dezembro . Se não tiver planta cultivada em sua propriedade, basta procurar em meio à caatinga espécies nativas que naturalmente já são consumidas pelos animais, e fazer feno com as folhas e os galhos mais finos. 

Esta orientação tem sido adotada por técnicos da Embrapa Semiárido que atuam no projeto “Ações de desenvolvimento para produtores agropecuários e pescadores do território do entorno da Barragem de Sobradinho-BA”, executado em conjunto com a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF).

Em dois dias de campo realizados em comunidades rurais dos municípios de Remanso e de Casa Nova, os técnicos demonstraram a técnica de produzir feno com material vegetal de duas plantas nativas – favela e maniçoba – que possuem ampla distribuição pelos estados da região Nordeste. As duas, apesar do registro de chuvas abaixo da média histórica, rebrotaram suas folhas e crescem verdinhas na caatinga. 

Os dois eventos reuniram 40 agricultores. 

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Projeto apoia apicultores

O manejo alimentar de abelhas na seca é uma  das iniciativas de transferência de tecnologias do projeto “Ações de desenvolvimento para produtores agropecuários e pescadores do território do entorno da Barragem de Sobradinho-BA”, em execução pela Embrapa Semiárido e a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF), nos municípios baianos de Casa Nova, Pilão Arcado, Remanso, Sento Sé e Sobradinho.
Com recursos desse projeto já foram distribuídas, a apicultores da região, 300 caixas para criação de abelhas com ferrão e outras 300 para as sem ferrão. Os beneficiados também receberam acessórios (macacões, cera alveolada, espátulas, fumigadores etc) necessários ao desenvolvimento da atividade. Este trabalho é coordenado pela pesquisadora Márcia Ribeiro, da Embrapa Semiárido, e a professora Eva Mônica, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf).
As duas instituições patrocinam a realização de um estudo da cadeia produtiva da apicultura e também da meliponicultura (abelhas sem ferrão). Essas atividades têm adquirido expressão econômica, principalmente ao gerar renda para agricultores familiares. Entretanto, com frequência, o manejo das colmeias ainda é inadequado e não padronizado entre os apicultores em diversos locais.

Na seca, ração balanceada impede abelhas de abandonar colmeias

Uma ração à base de fubá de milho, trigo sem fermento, soja em pó e açúcar refinado ou mel garante a alimentação das abelhas no período da seca. Com 14 reais, o apicultor consegue produzir 3kg dessa ração, que é o bastante para abastecer cerca de 30 colmeias por semana. É um custo que a venda do mel é capaz de absorver e, o que é mais importante, garante a permanência das abelhas nas caixas onde são criadas.
De acordo com o engenheiro agrônomo José Fernandes Neto, da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), nos meses de estiagem é mais vantagem, para quem possui apiário, fornecer água de forma permanente, investir na aquisição de ingredientes e preparar a ração para suas colônias do que deixar que abandonem as caixas.
Floradas - Quando vão embora, o trabalho do apicultor redobra: terá que empreender buscas para capturar novos enxames e providenciar a limpeza das caixas onde as abelhas serão repovoadas. Isso é quase que recomeçar a criação do zero, explica o técnico da EBDA.
Isso, sem contar com um custo muito maior na compra de cera alveolada para preparar as colmeias que irão abrigar os enxames. O valor seria de R$ 30,00/Kg, que daria para colocar em, no máximo, 02 colméias.
“É um prejuízo bem maior do que teria ao investir na ração balanceada”, afirma.
Quando as caixas estão povoadas, o apicultor já consegue colher o mel um mês depois do inicio das chuvas, nas primeiras floradas das plantas da caatinga. Contudo, se ficam vazias, por vezes, vai ser preciso esperar, no mínimo, 03 meses até regularizar a produção de mel.

Conviver com ambiente de pesquisa ajuda na formação de estudantes

De que é capaz um estágio? Para o estudante Fabrício Moura dos Santos, pode levar à descoberta de um sentido para o curso de Técnico Agrícola que está por concluir e perceber a oportunidade de dar novo rumo para a sua vida.
Aluno do Colégio Estadual Sete de Setembro, em Sento Sé (BA), chegou a convicções como essas no tempo que passou na Embrapa Semiárido, em Petrolina (PE), percorrendo laboratórios, bibliotecas, áreas experimentais e participando de ações de transferência de tecnologias junto a agricultores.
Pouco mais de um mês distante da sala de aula, convivendo com o ambiente da pesquisa, e os assuntos dos livros ganharam significados que, para ele, levam à boa formação profissional e a opções de trabalho mais interessantes.