Histórico



A barragem de Sobradinho, localizada no rio São Francisco, a aproximadamente 50km à montante da cidade de Juazeiro (BA), foi construída com a finalidade principal de regularizar a vazão do rio. A construção do reservatório inundou cerca de 4.214km2, obrigando a realocar em torno de 12.000 famílias dos municípios atingidos.
Estas populações, localizadas hoje às margens do lago de Sobradinho, têm origens diversas. Parte delas foi atraída para a região pela riqueza mineral existente, nos séculos XVIII, XIX e XX, concentrando-se nos vales úmidos próximos ou nos locais das lavras e às margens do rio São Francisco. Com o declínio da atividade, ou migraram em busca de lavras mais promissoras ou se tornaram agricultores dependentes dos ciclos das águas.
Outra origem de parte das populações mais antigas está relacionada ao Ciclo do Couro e do Gado, cujas boiadas tiveram, nesta região do Vale, ponto de parada da descida do “rio dos currais”, a caminho dos “gerais” piauienses, nos séculos XVII e XVIII. No século XX, a grande força de atração foi a construção da barragem e o desenvolvimento da agricultura pela possibilidade de atender aos mercados do sul/sudeste e internacional com produtos nos períodos de entressafra.
Como fator de desenvolvimento, por um lado, e de desestruturação dos sistemas de vida por outro, a construção da Barragem de Sobradinho na segunda metade do século XX promoveu um enorme potencial de desenvolvimento com a garantia de vazão no rio São Francisco para geração de energia e disponibilização de água para irrigação.
Quando da construção da barragem, o foco no desenvolvimento acelerado, necessário, não percebeu o vazio cultural/tecnológico que as populações deslocadas das margens do rio e das áreas de influência da barragem tinham, para que pudessem se apropriar das novas oportunidades que se apresentavam. Estas populações possuíam valores e sistemas de produção e de vida pouco compatíveis com as novas levas populacionais que chegavam atraídas pelas obras da barragem e oportunidades advindas da nova dinâmica. Com isto, as populações deslocadas, mesmo recebendo apoio na forma de indenizações e de infra-estrutura, pouco se desenvolveram, tornando-se cada vez mais susceptíveis às crises das novas atividades econômicas, levando a uma degradação acelerada dos recursos naturais, da saúde das populações e da capacidade de alavancar o próprio processo de desenvolvimento.
A Companhia Hidrelétrica do São Francisco – CHESF, com seu Programa de Responsabilidade Social, busca superar, ou ao menos reduzir, as dificuldades que as populações da borda do lago passam. Para isso, disponibiliza recursos para levantamento e avaliação de problemas observados pelas comunidades – a exemplo de estudos realizados pela Fundação Josué de Castro (2005) e pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) – e para financiamento de projetos como o Lago de Sobradinho, desenvolvido pela Embrapa Semiárido.