quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Em feira de tecnologias, estudantes se tornam pesquisadores e escola vira campo de experimentos

Aluna do colégio demonstra tecnologias para criação animal
Por dois dias, o Colégio Estadual Sete de Setembro, em Sento Sé (BA), transferiu todo o ensino para fora das salas de aula. Alunos dos cursos técnicos de Agropecuária e Agronegócio montaram uma exposição e mostraram para a comunidade a diversidade de tecnologias que podem ser usadas pelos produtores para transformar a agricultura do município.

Dedicados e animados, os estudantes fizeram plantios com o uso de mulching, de sistema de irrigação por gotejamento, por aspersão, fizeram cultivos de hortaliças com hidroponia. Também levaram para a feira questões relacionadas ao melhoramento dos rebanhos, seleção de animais e controle de doenças, que são questões essenciais para uma das principais atividades econômicas do Semiárido: a criação de caprinos e ovinos.

Para demonstrar as técnicas de criação, montaram ainda uma estrutura que simula uma fazenda de 100 hectares, dividindo os espaços necessários para o plantio de forrageiras para alimentação dos rebanhos. Rubismária Ferreira, de 23 anos, explica: “Nós mostramos às pessoas que ainda não conhecem o manejo das forrageiras como elas podem plantar e armazenar para os animais em época de seca, para que venham a ter uma caprinovinocultura de sustentabilidade.”

A Expo 7 Show – como foi batizada a feira – teve sua inspiração no maior evento realizado pela Embrapa para a agricultura familiar do sertão nordestino: o SemiáridoShow. A diretora do colégio, Adébora de Almeida Carvalho, conta que a ideia surgiu ainda dentro do ônibus, quando alunos e professores voltavam da visita ao evento que aconteceu em Petrolina (PE), de 22 a 25 de agosto.
“Eles começaram a pensar que nós poderíamos realizar algo parecido – numa dimensão bem menor – mas que a gente pudesse mobilizar a sociedade”, lembra.

A partir de então começaram os esforços para que o sonho se concretizasse. E depois de quase três meses de pesquisas, contatos e dedicação em tempo integral, enfim os alunos e o colégio estavam preparados para receber os mais de dois mil visitantes que estiveram no local.

Dia de campo apresenta o cultivo de melão irrigado
Projeto – Para chegar à dimensão que alcançou, diretores, professores e estudantes do colégio projetaram uma ideia de inovação, trazendo para a realização da Expo 7 Show uma parceria que reuniu produtores da região, associações, instituições e comerciantes do setor agropecuário. Vários deles montaram estandes na feira e expuseram seus produtos e serviços.

O evento, contudo, evidencia a cooperação que vem sendo construída pelo colégio, a Embrapa Semiárido e a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF), como parte da estratégia do Projeto “Ações de desenvolvimento para produtores agropecuários e pescadores do território do entorno da Barragem de Sobradinho – BA”: formar jovens capazes de intervir de forma criativa no desenvolvimento da agricultura da região.

Ao conhecer a feira e as atividades realizadas na escola, o gestor do convênio pela CHESF, Rodolfo de Sá Cavalcanti, declarou que a instituição está no caminho certo de apoiar a Embrapa nesse trabalho: “Quando repassamos recurso e vemos ele se materializar como estamos vendo, eu realmente me sinto realizado”.

Algumas ações do projeto aconteceram durante a programação da feira. Em uma delas, pesquisadores da Embrapa participaram de um dia de campo sobre o plantio irrigado de melão que vem sendo cultivado em conjunto com os alunos do Sete de Setembro. Também, com recursos do projeto, a Embrapa e a CHESF doaram equipamentos para a instalação de uma sala de processamento de frutas, que foi inaugurada durante a exposição e que será utilizada para a capacitação no curso de Agronegócio. O espaço físico foi adaptado pela própria escola.

Parcerias – A movimentação na feira continuou com a realização de minicursos apresentados por profissionais da Embrapa, CHESF e EBDA. Neles, alunos e produtores aprenderam técnicas que poderão utilizar na agropecuária – como o manejo de forrageiras, manejo e preparo do solo e uso de GPS – e no processamento de alimentos – como os derivados do leite, do umbu e da mandioca.
O produtor João Antônio de Barros, que vive no povoado de Lages, garante que vai levar para a comunidade o que aprendeu no minicurso de aproveitamento agroindustrial do umbuzeiro. Há quatro anos eles já trabalham com uma fábrica de beneficiamento de frutas, mas, segundo ele, tem sempre uma novidade: “A surpresa de umbu é uma delícia, é a primeira coisa que vamos botar em prática quando chegar na fábrica”, planeja.
Bicibomba foi a atração das crianças

Sucesso – Entre as tecnologias demonstradas na feira, a que mais atraiu a atenção do público – especialmente infantil – foi a bicibomba. Um dos responsáveis pelo experimento, o estudante José Carlos de Sá Júnior, de 18 anos, revela que a experiência foi trazida do SemiáridoShow, onde havia sido apresentada pela Empresa Baiana de Pesquisa Agropecuária (EBDA). Os alunos do curso técnico de agronegócio se encarregaram de montar na escola esse sistema, que faz com que a água seja bombeada por meio de umas boas pedaladas na bicicleta adaptada, sem necessidade de uso de combustível ou energia elétrica.

Para a diretora Adébora Almeida, esse é o objetivo maior: “dar oportunidade para que os alunos e a comunidade aperfeiçoem aquilo que já sabem, ou que conheçam novas coisas, com a intenção de também oportunizar a geração de renda em Sento Sé”.

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