terça-feira, 10 de julho de 2012

Chesf e Embrapa Semiárido avaliam o Projeto Lago de Sobradinho

Reunião com dirigentes e técnicos na Embrapa Semiárido
Dois anos e meio depois de iniciado, o projeto “Ações de desenvolvimento para produtores agropecuários e pescadores do território do entorno da Barragem de Sobradinho-BA” vai precisar refazer várias das áreas demonstrativas que foram afetadas pela seca desse ano (2012). A escassez de chuvas dizimou os plantios e sequer preservou os campos onde cresciam as forrageiras cultivadas nos anos de 2010 e 2011: ainda pouco crescidas, foram transformadas em pasto pelos agricultores porque era a pouca forragem que tinham para oferecer aos seus rebanhos.

Apesar disso, os dirigentes e técnicos das duas instituições que coordenam a execução do projeto (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco - Chesf e Embrapa Semiárido) apostam na solidez dos vínculos estabelecidos com os agricultores, prefeituras e órgãos governamentais, para intensificar as ações de transferência de tecnologias no próximo período chuvoso da região.

Estratégias - No dia 28/06, os dirigentes e técnicos das duas instituições passaram a manhã e a tarde reunidos na sede do Centro de Pesquisa, em Petrolina (PE), avaliando um por um, os 14 Planos de Ação (PA) que compõem o projeto. Se a estiagem afetou as atividades do PA 05 – incremento da criação pecuária – e do PA 10 – sistemas de produção diversificados com cultivos alimentares (milho, feijão-caupi e mandioca) – outros planos geram informações fundamentais ao projeto e aos produtores.

De acordo com o pesquisador Rebert Coelho Correia, uma das equipes do projeto concluiu, recentemente, o estudo de cadeia produtiva da caprino-ovinocultura (PA 12). Outras duas estão prestes a terminar a do mel (PA 11) e do surubim e outros pescados (PA 13).

Estas atividades já possuem grande expressão econômica e social nas áreas rurais e urbanas de Casa Nova, Pilão Arcado, Remanso, Sento Sé e Sobradinho. As conclusões dos estudos vão ser essenciais para se consolidar, nos próximos passos do projeto, estratégias produtivas, ambientais e institucionais para o desenvolvimento sustentável dos municípios instalados na borda do lago, formado pela barragem de Sobradinho, na Bahia, afirma Rebert Correia.

Produtividades – Há bons resultados registrados nas atividades de transferência de tecnologias para alguns dos principais cultivos irrigados na borda do lago (PA 2). Nos testes experimentais conduzidos em áreas dos agricultores, as produtividades nas culturas do melão, da melancia e da cebola deram um salto em relação ao manejo convencional dos plantios em prática na região.

No caso da melancia, com as inovações técnicas adotadas o agricultor viu sua colheita saltar das 21 t/ha para 38,1 t/ha. O mesmo se repetiu em outra área com plantio de cebola: de 12 para 23 t/ha. Com o melão, o ganho do agricultor, que participou dos testes, foi superior a 174,2%: a safra, que, comumente, atingia, no máximo, 15 t/ha, aumentou para 41,1 t/ha.

Ao lado da busca por melhores resultados econômicos para a produção agrícola, existe também a preocupação com os impactos da atividade agropecuária sobre a qualidade química, física e biológica da água e do solo. Assim, uma das equipes de pesquisadores tem levantado dados em 30 propriedades localizadas em diferentes pontos nas margens do lago nos municípios de Casa Nova, Remanso, Sento Sé e Sobradinho.

Este trabalho avaliará como o manejo da agricultura e da pecuária afeta os recursos naturais (solo e água) na região de estudo. Com ele, também será possível identificar e quantificar os principais poluentes presentes no solo e na água da região a fim de verificar se estão dentro dos limites permitidos pela legislação. Assim, com esse conjunto de informações, os pesquisadores vão propor práticas de manejo adequadas para prevenir e mitigar os impactos da agropecuária na qualidade ambiental da região.

Importante – Para Rodolfo de Sá Cavalcanti, responsável da Chesf pela administração do projeto, com a intensidade da seca neste ano, alguns dos cronogramas de atividades precisarão ser refeitos. Contudo, observando o desenrolar dos 14 Planos de Ação, o que se percebe é que as metas estão sendo alcançadas e os resultados “nos deixam muito satisfeitos”.

Ivaldo de Oliveira, assessor de Gestão de Projetos Sociais para as Comunidades, enxerga nas atividades grande potencial para promover uma importante mudança econômica, social e agrícola na área de abrangência do projeto. A importância do trabalho realizado pelos profissionais da Embrapa Semiárido é tão significativa que deveria se estender por tempo maior que os cinco anos inicialmente estipulados (2009/2014).

Rebert Correia, Chefe Adjunto de Administração, considera que o projeto financiado com recursos da Chesf é muito importante para a Embrapa Semiárido. A extensão dos seus objetivos tem tornado possível levar para a área dos agricultores muitas tecnologias e conhecimentos produzidos no centro de pesquisa.

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