Criadores de peixes têm apoio da Chesf e Embrapa para aumentarem produção |
As alterações no leito e a pesca excessiva têm
diminuído, ano a ano, a população de espécies tradicionais (surubim,
cari, dourado, pacamã, piau e curimatã) no rio São Francisco. Em sentido
contrário, a demanda dos consumidores cresce de maneira contínua. É uma
situação que ameaça privar milhares de famílias ribeirinhas da sua principal
fonte de alimento e de renda.
A
Embrapa Semiárido e a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF) – querem
transformar a atividade em um negócio sustentável, seja em escala familiar ou
empresarial. Com este objetivo que realizaram o “Estudo da Cadeia Produtiva do
Pescado no Entorno do Lago de Sobradinho”.
O
documento final apresenta o contexto socioeconômico da atividade nos municípios
baianos de Casa Nova, Remanso, Pilão Arcado, Sobradinho e Sento Sé, identifica problemas
e entraves tecnológicos, e fatores que limitam a pesca. Por fim, propõe um
conjunto de ações capazes de orientar investimentos e fortalecer a economia
regional.
É
um estudo pioneiro, fruto de dois workshops que tiveram a participação da
Colônia e Associação de Pescadores, das prefeituras municipais, Bahia Pesca,
Chesf, Codevasf, Embrapa e Universidade Federal de Santa Maria (RS), e o apoio
do Fórum de Desenvolvimento Regional Sustentável do Lago Sobradinho, explica o
pesquisador Rebert Coelho Correia.
“Reunimos
grande quantidade de informações, ouvimos atores variados que atuam nesse
negócio, e organizamos os dados e opiniões sob o enfoque de cadeia produtiva,
onde o processo começa no fornecimento dos insumos para o sistema produtivo e
termina no consumidor final”, afirma o pesquisador.
Para
ele, a região tem a tradição de pesca do surubim e de outras espécies de
peixes. A criação de tilápias em tanques-rede é outra atividade que está em
expansão.
O
estudo da cadeia produtiva, por sua abrangência, busca estruturar instrumentos
e informações que orientem a tomada de decisão dos agentes públicos e privados.
No caso da piscicultura na área do lago, um dos
objetivos foi a montagem do custo de produção para avaliar, por exemplo, quanto
o pescador pode gastar na produção de 1 kg de tilápia para dimensionar o lucro
a ser obtido com a venda do pescado, diz o engenheiro de pesca Rodolfo
Cavalcante, membro da equipe que coordenou a elaboração do documento.
Esta é uma informação importante porque os dados do
relatório demonstram que a maioria das associações de pesca ainda depende de
atravessadores para comprar equipamentos e insumos.
“As instituições e associações de pesca precisam
estar mais engajadas em iniciativas de capacitação dos produtores, e de
planejamento e gestão financeira do setor”, esclarece Rodolfo.
No Semiárido, a demanda pelo consumo de peixe é estimada
em 25 mil toneladas/ano. Os pescadores e empreendedores do Lago de Sobradinho,
porém, só conseguem produzir apenas 20% dessa quantidade (5 mil toneladas/ano,
em média). Este é um dado que aponta o potencial econômico da pesca e da
piscicultura nos municípios da borda do Lago de Sobradinho.
Albaneide Santos, da Associação dos Criadores de Peixes
de Sobradinho (Acripeixes), confirma que a produção além de ser insuficiente
para atender o mercado, ainda depende da aquisição de alevinos na cidade de
Itacuruba (PE), distante 360 km de Sobradinho.
Segundo ela, por causa de problemas com o
transporte, a associação espera até dois meses pelos alevinos adquiridos.
Outro entrave enfrentado pela associação é o custo
da ração dos peixes. “É alto e diminui os lucros dos piscicultores. A ração em
grãos para alevinos chega a ser de R$ 73, a cada 25 kg”.
O estudo da cadeia produtiva da piscicultura é
resultado de um dos 14 planos do projeto
“Desenvolvimento de ações para produtores agropecuários e pescadores do território
do entorno da barragem de Sobradinho-Ba”, em execução pela Embrapa e a CHESF
Rebert Coelho Correia – pesquisador;
Luna Layse Almeida da Silva - Estagiária/Jornalismo
Mais Informações:
Rebert Coelho Correia – pesquisador;
Luna Layse Almeida da Silva - Estagiária/Jornalismo
Fernanda Birolo -
Jornalista Embrapa Semiárido (MTb/AC 81)
Marcelino Ribeiro
- Jornalista Embrapa Semiárido (MTb/BA 1127)
(87)
3866-3734
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