Uma
aula no campo, em cinco comunidades, para mais de 144
agricultores e agricultoras interessados em livrar seus animais ovinos e
caprinos das doenças que afetam a capacidade produtiva dos rebanhos. Desta
maneira, os coordenadores do Projeto Lago de Sobradinho deram início a um novo formato
de treinamento para melhorar o desempenho econômico da criação pecuária nos municípios
localizados às margens do lago, no rio São Francisco: Sobradinho, Sento Sé,
Casa Nova, Remanso e Pilão Arcado. Na
“sala”, ambientes dentro ou próximos a
apriscos, a professora Sandra Mari Yamamoto, da Universidade Federal do Vale do
São Francisco (UNIVASF), a aula, que se estendia por toda uma manhã, começava
com a identificação de animais enfermos por variados tipos doenças, e seguia
com explicações sobre cada uma delas, a troca de informações sobre formas de
controle e de prevenção.
A
iniciativa pela realização desses eventos é das instituições que coordenam a
execução do projeto: Embrapa Semiárido, Companhia Hidro Elétrica do São
Francisco (Chesf), Univasf e as prefeituras municipais.
Mas, a demanda decorre de solicitações feitas pelos próprios agricultores
e agricultoras durante uma jornada de palestras sobre produção animal,
realizada no final do ano passado, por ocasião
da Semana Itinerante e que reuniu centenas de agricultores daqueles municípios.
Treinamento no local de trabalho dos criadores e criadoras |
A
instituição financiou, para a Associação Terra Forte, a construção do aprisco e a
aquisição de reprodutores da raça Dorper e matrizes sem raça definida (SRD). Os
associados irão receber, individualmente, oito fêmeas prenhes. Mas, têm o
compromisso de devolver quatro crias já do primeiro parto, que serão repassadas
a outros.
De
70 associados, 25 deles já receberam os animais melhorados. Ainda que disponham
de irrigação para produzir forragens durante todo o ano, a meta de aumentar o
rebanho e a renda tem sido comprometida pela disseminação das doenças.
Ela
alerta ainda que o uso de produtos químicos para controlar verminoses deve
ocorrer apenas em situações estritamente necessárias. Isto porque em ovinos e
caprinos esses parasitas adquirem rápida resistência aos vermífugos. Muitas
vezes, medidas de manejo dos rebanhos são bastante importantes para evitar que
os animais fiquem doentes: alimentação
adequada, realização de pastejo rotacionado, fazer aplicação de medicamentos de
apoio para animais com infestação severa, tais como suplementos que contenham
ferro e vitamina B12 (mínimo 3 aplicações, uma a cada 48 horas).
"Sala de aula" ao lado do aprisco, em Tataui (Sobradinho) |
Para o
pesquisador Rebert Coelho Correia, da Embrapa Semiárido, o desempenho
zootécnico que apresentam é “muito baixo”. O estudo identificou como relevante
a necessidade de
capacitação dos produtores nos aspectos fitossanitários da criação pecuária, em
decorrência do elevado percentual de propriedades com animais afetados, principalmente, por miíases (bicheiras), linfadenite
caseosa, piolhos e verminoses.
“O problema afeta a
produtividade dos rebanhos, por consequência, a renda do produtor”, afirma o
pesquisador que também coordena a execução do Projeto Lago de Sobradinho.
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