segunda-feira, 20 de abril de 2015

Treinamento prepara criadores para controlar doenças nos rebanhos ovinos e caprinos

Uma aula no campo, em cinco comunidades, para mais de 144 agricultores e agricultoras interessados em livrar seus animais ovinos e caprinos das doenças que afetam a capacidade produtiva dos rebanhos. Desta maneira, os coordenadores do Projeto Lago de Sobradinho deram início a um novo formato de treinamento para melhorar o desempenho econômico da criação pecuária nos municípios localizados às margens do lago, no rio São Francisco: Sobradinho, Sento Sé, Casa Nova, Remanso e Pilão Arcado.  Na “sala”, ambientes dentro ou próximos a apriscos, a professora Sandra Mari Yamamoto, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), a aula, que se estendia por toda uma manhã, começava com a identificação de animais enfermos por variados tipos doenças, e seguia com explicações sobre cada uma delas, a troca de informações sobre formas de controle e de prevenção.

A iniciativa pela realização desses eventos é das instituições que coordenam a execução do projeto: Embrapa Semiárido, Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), Univasf e as prefeituras municipais. Mas, a demanda decorre de solicitações feitas pelos próprios agricultores e agricultoras durante uma jornada de palestras sobre produção animal, realizada no final do ano passado, por ocasião da Semana Itinerante e que reuniu centenas de agricultores daqueles municípios.
Treinamento no local de trabalho dos criadores e criadoras
Melhoramento – Em Sobradinho, a aula atraiu criadores e criadoras do entorno de Tataui, onde o Governo da Bahia, por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), financia um programa que tem o objetivo de melhorar a genética dos rebanhos ovinos do local.
A instituição financiou, para a Associação Terra Forte, a construção do aprisco e a aquisição de reprodutores da raça Dorper e matrizes sem raça definida (SRD). Os associados irão receber, individualmente, oito fêmeas prenhes. Mas, têm o compromisso de devolver quatro crias já do primeiro parto, que serão repassadas a outros.
De 70 associados, 25 deles já receberam os animais melhorados. Ainda que disponham de irrigação para produzir forragens durante todo o ano, a meta de aumentar o rebanho e a renda tem sido comprometida pela disseminação das doenças.
De acordo com diagnóstico da professora Sandra Mari com os animais mantidos nas baias do aprisco dessa associação, vários apresentam sintomas de verminose. Outros, estavam acometidos de mastite, mereciam constatação do tipo “úbere grande, mas, sem estar gestante”, que só retarda as ações de controle e resulta na perda de produção, de peso e de leite.
Ela alerta ainda que o uso de produtos químicos para controlar verminoses deve ocorrer apenas em situações estritamente necessárias. Isto porque em ovinos e caprinos esses parasitas adquirem rápida resistência aos vermífugos. Muitas vezes, medidas de manejo dos rebanhos são bastante importantes para evitar que os animais fiquem doentes: alimentação adequada, realização de pastejo rotacionado, fazer aplicação de medicamentos de apoio para animais com infestação severa, tais como suplementos que contenham ferro e vitamina B12 (mínimo 3 aplicações, uma a cada 48 horas).
"Sala de aula" ao lado do aprisco, em Tataui (Sobradinho)
Sanidade – O estudo acerca da cadeia produtiva de ovinos e caprinos nos municípios do entorno da Barragem de Sobradinho, contabiliza número expressivo de animais. Nesta área está concentrado um rebanho superior a 800 mil cabeças, dos quais quase 53% de caprinos, o que corresponde a 45% do rebanho do território do Sertão do São Francisco e a mais de 14% do baiano.
Para o pesquisador Rebert Coelho Correia, da Embrapa Semiárido, o desempenho zootécnico que apresentam é “muito baixo”. O estudo identificou como relevante a necessidade de capacitação dos produtores nos aspectos fitossanitários da criação pecuária, em decorrência do elevado percentual de propriedades com animais afetados, principalmente, por miíases (bicheiras), linfadenite caseosa, piolhos e verminoses.


“O problema afeta a produtividade dos rebanhos, por consequência, a renda do produtor”, afirma o pesquisador que também coordena a execução do Projeto Lago de Sobradinho.

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