A perspectiva de alta produtividade com redução de custos está
animando produtores de cebola do sertão do Nordeste. Com a
introdução de técnicas acessíveis, como a irrigação por
gotejamento e a fertirrigação, os resultados são bastante
superiores aos alcançados pelos sistemas tradicionais de cultivo na
região.
Na
área do produtor Neuwilton
de Sousa, no
Distrito de Bem Bom, em Casa Nova (BA), a implantação deste sistema
resultou em um rendimento de quase 500%, em quatro meses de cultivo.
Com o custo de produção em torno de R$ 11.000,00 por hectare, o
retorno chegou a R$ 5,70 para cada real investido.
Esse cultivo funciona como um Campo de Aprendizagem Tecnológica
(CAT) do Projeto Lago de Sobradinho. Nele, a Embrapa Semiárido
oferece a parte técnica, fazendo a implantação do sistema de
irrigação e o acompanhamento do cultivo, com financiamento da
Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) e apoio de um
técnico cedido pela Prefeitura Municipal de Casa Nova. Já o
produtor participa com a área, a energia elétrica e a mão de obra,
e em troca fica com a produção.
“O
sistema permanece nessa propriedade durante um ano, e a proposta é
que, com a venda da produção, o agricultor adquira seu próprio
sistema”, explica o coordenador do Projeto Sergio Azevedo, da
Embrapa Semiárido. Mas o objetivo principal é fazer desta
experiência um veículo multiplicador das tecnologias para a região.
Demonstração
– Os bons resultados alcançados com o cultivo de cebola na
propriedade do Sr. Neuwilton foram demonstrados para mais de 120
produtores da região, que participaram de um Dia de Campo. Na
oportunidade, os pesquisadores da Embrapa Semiárido Nivaldo Duarte,
José Maria Pinto e Jony Eishi Yuri apresentaram informações sobre
o manejo da cultura, da irrigação e nutrição aplicados no
cultivo.
De
acordo com os pesquisadores, são muitas as vantagens deste sistema
de produção de cebola, em comparação com a irrigação
tradicionalmente utilizada na região. Entre elas está a
economia de água, que gira em torno de 50%, a de fertilizantes, em
80%, e de mão de obra, em 30%. Isso representa um menor custo de
produção, que, aliado à melhor qualidade e rendimento comercial
dos bulbos, tem como consequência uma maior lucratividade para o
produtor.
Participando
do Dia de Campo, o agricultor Josivan Pereira da Silva identificou
ainda outra vantagem: a facilidade na execução das atividades.
“Esse sistema é bom demais, e fica melhor pra gente, porque o
trabalho na enxada é muito duro”, avalia. Ele cultiva cebola com o
sistema de irrigação por sulco, e já se diz animado para adotar a
nova alternativa.
A
satisfação do Sr. Neuwilton também é prova de que o sistema é
promissor: “Esse trabalho aqui é maravilhoso, tenho certeza que se
alguém de vocês participar nunca vai se arrepender”, declarou. No
entanto, os pesquisadores ressaltam que os bons resultados só foram
obtidos graças ao grande esforço e dedicação do produtor.
Resultados
– Quem também se animou com os resultados do cultivo foram os
financiadores do Projeto Lago de Sobradinho. O Assessor de Gestão de
Projetos Sociais para as Comunidades da Chesf, Ivaldo de Oliveira, se
disse feliz em ver tanta gente disposta a mudar. “Nós sabemos que
dá para melhorar a situação desses municípios, se fizermos a
coisa certa. Com o ganho de produção, o Senhor Neuwilton vai
conseguir comprar um sistema desse pra ele, então ele vai passar a
produzir anualmente mais do que produzia antes, e consequentemente
vai ter uma condição de vida melhor. É isso o que a gente espera
com o projeto”, declara.
Para
o administrador do convênio pela Chesf, Rodolfo de Sá Cavalcanti, o
Dia de Campo é uma oportunidade singular de repassar aos produtores,
através de uma “aula a céu aberto”, tecnologias que, se
utilizadas, propiciam mais economia no sistema de cultivo e
produtividade por hectare cultivado.
Representando
a Embrapa Semiárido, o pesquisador Rebert Coelho também declarou
ser gratificante esse projeto, “porque nos permitiu tirar muitas
tecnologias dos Campos Experimentais e trazer para os produtores, que
são os principais usuários dos trabalhos que nós desenvolvemos”.
Mais
informações:
Sergio Azevedo – Coordenador do Projeto Lago de
Sobradinho
sergio@cpatsa.embrapa.br
Fernanda Birolo - Jornalista (MTb/AC 81)
fernanda.birolo@cpatsa.embrapa.br
Marcelino Ribeiro - Jornalista
(MTb/BA 1127)
marcelrn@cpatsa.embrapa.br
Embrapa Semiárido – (87) 3866-3734