Capacitações e novas técnicas melhoram produtividade da apicultura, aponta estudo. |
Seis
anos depois, ao menos em algumas comunidades das áreas rurais de Casa Nova, Pilão Arcado, Remanso, Sento Sé e
Sobradinho, a situação está alterada. Em parte, pelas atividades de
pesquisadores e técnicos do Projeto Lago de Sobradinho, executado pela Embrapa
Semiárido e a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco.
Pesquisadores envolvidos com o projeto realizaram cerca
de 25 palestras e capacitações, e fomentaram a implantação de 144 meliponários
e apiários na região. Acompanhava essas iniciativas a doação de acessórios às
boas práticas da criação de abelhas com e sem ferrão: macacões,
luvas, botas, fumegador, cera alveolada, suporte para colmeias, entre outros.
Retorno - Esse modo de estímulo
aos criadores é consequência do estudo realizado pelo pesquisador José Lincoln
que constatou ser a atividade capaz de gerar impactos
econômicos, sociais e ambientais nas unidades produtivas rurais. Comparada às
atividades produtivas na agropecuária do território, a criação de abelhas é a que
registra menor custo de implantação e manutenção, melhor relação custo/benefício,
além de apresentar um menor risco de comercialização.
“Acrescente
a isso a riqueza de espécies melíferas existentes na vegetação nativa e se tem um
dos principais pilares para a manutenção e o incremento da atividade apícola nessa
região”, explica o pesquisador da Embrapa.
O
custo de produção do quilo de mel nessa área é muito baixo: não ultrapassa o
valor de R$ 1,00, O preço médio obtido na comercialização é R$ 3,50 kg/mel – um retorno sobre o Investimento que
supera 250%.
Modificar - Segundo informações obtidas junto aos técnicos
das organizações da sociedade civil,
que atuam nos cinco municípios, a pouca atenção dada à profissionalização é o resultado
da percepção dos produtores de que a apicultura é atividade extrativista. Por
isso, a pouca atenção, por exemplo, a grande quantidade de apicultores (70%)
que não realiza a substituição de cera no ninho e na
melgueira.
Outro
aspecto que os pesquisadores e técnicos do projeto se empenham para modificar é
o fornecimento de alimento e água para as colmeias e melipônias durante o
período de estiagem. O estudo constatou que cerca de 80% não oferecem qualquer
tipo de forragem para esses insetos quando a vegetação nativa está seca. Nessas
condições, não tem como escapar das reduzidas produtividades.
Também, deixa de receber o tratamento adequado o processo de
beneficiamento. Os dados levantados pelo pesquisador revelam que cerca de 50%
do mel são extraídos na residência do apicultor e, infelizmente, em várias
desses espaços isto ocorre em condições “extremamente” precárias.
Com
relação à outra metade, 20% de mel restante é beneficiado diretamente no campo,
em barracas improvisadas ou ao relento. Em outros 30%, ocorre em unidades
próprias de extração do produto, denominadas comumente de casas de mel,
localizadas nas comunidades rurais.
“Contudo,
embora várias dessas unidades de processamento já executem sua função com certo
rigor técnico,
nenhuma ainda possui as condições necessárias para a obtenção das certificações
emitidas pelos órgãos de inspeção sanitária dos governos estadual e federal
(SIE ou SIF)”, afirma José Lincoln.
Arrojado
- De
acordo com dados coletados pelo pesquisador da Embrapa Semiárido, cerca da metade
dos apicultores da borda do lago possui entre 10 e 30 colmeias. Os outros 50%
restantes estão distribuídos da seguinte forma: 20% possuem entre 30 e 50, 20%
possuem mais de 50, e 10% possuem menos de 10.
Os municípios de Sobradinho e Sento Sé
registram as maiores concentrações de apicultores no estrato de menos de 10 colmeias.
O contrário de Casa Nova, Remanso e Pilão Arcado, onde é reduzido o número de
apicultores que utilizam menos de 10, e ocorre certa proporcionalidade de
distribuição de colmeias nos três estratos restantes, afirma.
Técnicos apontam necessidade de mudar modelo de caixa de criação |
De acordo com Lincoln, é necessário que os
estímulos ao desenvolvimento e à modernização dos diversos elos da cadeia
produtiva devam ocorrer de maneira harmoniosa e sistêmica. Isto para que venham
permitir que as melhorias em um determinado elo possam refletir e estimular o
desenvolvimento dos outros.
“Caso isso não ocorra, neste atual cenário de
incremento das exigências de qualidade dos produtos agropecuários, tanto no
mercado doméstico como no internacional, teme-se, em médio prazo, pelo futuro
dessa cadeia que tanto benefícios pode proporcionar como instrumento de
inclusão social”, esclarece o pesquisador.
Na
sua opinião, a implantação de um programa arrojado de aperfeiçoamento de
pessoal sobre o manejo da exploração apícola, com treinamentos nos níveis
básicos e médios, é medida importante para o fortalecimento da cadeia do mel desse
território.
Para
o estudo de cadeia produtiva, foram feitas entrevistas com apicultores, cruzando dados de prefeituras, associações,
sindicatos, ONGs e empresas privadas. Informações mais detalhadas podem ser acessadas
no endereço:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui a sua opinião, sugestões e/ou dúvidas. Agradecemos o seu interesse pelo nosso trabalho e, em breve, retornaremos a sua mensagem.