domingo, 6 de novembro de 2016

Estudo traz contribuições para o desenvolvimento da apicultura no território da borda do Lago de Sobradinho



Capacitações e novas técnicas melhoram produtividade da apicultura, aponta estudo.
 No levantamento de dados que fez em 2010, para estudo da cadeia produtiva do mel, nos cinco municípios à margem do lago formado pela Barragem de Sobradinho, o pesquisador José Lincoln Pinheiro de Araújo, da Embrapa Semiárido, identificou apenas um apicultor que mantinha seus apiários conforme as normas recomendadas pela pesquisa e a assistência técnica: além das caixas (ninho e melgueira) padronizadas, as colmeias eram assentadas em cavaletes e cobertas por telhas para ficarem protegidas das intempéries do clima.
Seis anos depois, ao menos em algumas comunidades das áreas rurais de Casa Nova, Pilão Arcado, Remanso, Sento Sé e Sobradinho, a situação está alterada. Em parte, pelas atividades de pesquisadores e técnicos do Projeto Lago de Sobradinho, executado pela Embrapa Semiárido e a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco.

Pesquisadores envolvidos com o projeto realizaram cerca de 25 palestras e capacitações, e fomentaram a implantação de 144 meliponários e apiários na região. Acompanhava essas iniciativas a doação de acessórios às boas práticas da criação de abelhas com e sem ferrão: macacões, luvas, botas, fumegador, cera alveolada, suporte para colmeias, entre outros.
Retorno - Esse modo de estímulo aos criadores é consequência do estudo realizado pelo pesquisador José Lincoln que constatou ser a atividade capaz de gerar impactos econômicos, sociais e ambientais nas unidades produtivas rurais. Comparada às atividades produtivas na agropecuária do território, a criação de abelhas é a que registra menor custo de implantação e manutenção, melhor relação custo/benefício, além de apresentar um menor risco de comercialização.
“Acrescente a isso a riqueza de espécies melíferas existentes na vegetação nativa e se tem um dos principais pilares para a manutenção e o incremento da atividade apícola nessa região”, explica o pesquisador da Embrapa.
O custo de produção do quilo de mel nessa área é muito baixo: não ultrapassa o valor de R$ 1,00, O preço médio obtido na comercialização é R$ 3,50 kg/mel – um retorno sobre o Investimento que supera 250%.
Modificar - Segundo informações obtidas junto aos técnicos das organizações da sociedade civil, que atuam nos cinco municípios, a pouca atenção dada à profissionalização é o resultado da percepção dos produtores de que a apicultura é atividade extrativista. Por isso, a pouca atenção, por exemplo, a grande quantidade de apicultores (70%) que não realiza a substituição de cera no ninho e na melgueira.
Outro aspecto que os pesquisadores e técnicos do projeto se empenham para modificar é o fornecimento de alimento e água para as colmeias e melipônias durante o período de estiagem. O estudo constatou que cerca de 80% não oferecem qualquer tipo de forragem para esses insetos quando a vegetação nativa está seca. Nessas condições, não tem como escapar das reduzidas produtividades.
Também, deixa de receber o tratamento adequado o processo de beneficiamento. Os dados levantados pelo pesquisador revelam que cerca de 50% do mel são extraídos na residência do apicultor e, infelizmente, em várias desses espaços isto ocorre em condições “extremamente” precárias.
Com relação à outra metade, 20% de mel restante é beneficiado diretamente no campo, em barracas improvisadas ou ao relento. Em outros 30%, ocorre em unidades próprias de extração do produto, denominadas comumente de casas de mel, localizadas nas comunidades rurais.
“Contudo, embora várias dessas unidades de processamento já executem sua função com certo rigor técnico, nenhuma ainda possui as condições necessárias para a obtenção das certificações emitidas pelos órgãos de inspeção sanitária dos governos estadual e federal (SIE ou SIF)”, afirma José Lincoln.
Arrojado - De acordo com dados coletados pelo pesquisador da Embrapa Semiárido, cerca da metade dos apicultores da borda do lago possui entre 10 e 30 colmeias. Os outros 50% restantes estão distribuídos da seguinte forma: 20% possuem entre 30 e 50, 20% possuem mais de 50, e 10% possuem menos de 10.
Os municípios de Sobradinho e Sento Sé registram as maiores concentrações de apicultores no estrato de menos de 10 colmeias. O contrário de Casa Nova, Remanso e Pilão Arcado, onde é reduzido o número de apicultores que utilizam menos de 10, e ocorre certa proporcionalidade de distribuição de colmeias nos três estratos restantes, afirma.
Técnicos apontam necessidade de mudar modelo de caixa de criação

De acordo com Lincoln, é necessário que os estímulos ao desenvolvimento e à modernização dos diversos elos da cadeia produtiva devam ocorrer de maneira harmoniosa e sistêmica. Isto para que venham permitir que as melhorias em um determinado elo possam refletir e estimular o desenvolvimento dos outros.
“Caso isso não ocorra, neste atual cenário de incremento das exigências de qualidade dos produtos agropecuários, tanto no mercado doméstico como no internacional, teme-se, em médio prazo, pelo futuro dessa cadeia que tanto benefícios pode proporcionar como instrumento de inclusão social”, esclarece o pesquisador.
Na sua opinião, a implantação de um programa arrojado de aperfeiçoamento de pessoal sobre o manejo da exploração apícola, com treinamentos nos níveis básicos e médios, é medida importante para o fortalecimento da cadeia do mel desse território.
Para o estudo de cadeia produtiva, foram feitas entrevistas com apicultores, cruzando dados de prefeituras, associações, sindicatos, ONGs e empresas privadas. Informações mais detalhadas podem ser acessadas no endereço:



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